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quarta-feira, agosto 29, 2012

O Limbo

Limbo. Uma escuridão assustadora. O frio glacial por sua pele. O medo primordial do escuro fazendo investidas por sua mente.

Por um tempo ainda há resistência. Tentativas de incursões à superfície, ao sol, ao calor que dá um bem-estar e espanta todo o medo, mas voltar para o Limbo era necessário, não se tinha outro lugar para ir. Mas até isso rareia.

Às vezes, um pouco dessa luz invade o Limbo, trazendo pequenos momentos de glória. Mas até isso se esvai por entre os dedos. 

Na escuridão do Limbo toda uma sorte de sentimentos ruins afloram. Raiva, inutilidade, dor, tristeza, culpa. Em certas ocasiões, se era afundado no limbo tão fundo que a pressão se tornava insuportável.

Com o passar das horas, dos dias, a prisão no Limbo se tornava cada vez pior. O contato com a superfície se extingue por completo. Não há mais nada para se fazer lá. Do que adianta nutrir o próprio coração com uma esperança infundada?

Os sentimentos degradantes assumem o controle de vez. Nada mais pode ser feito para remediar isso. Não há mais saída para o sol, não há mais entrada para o Limbo.

Tudo passa na sua frente. Tudo escapa por entre seus dedos. Nada mais fica. Como poderia? Como poderia se parar o avanço da natureza em prol de um único indivíduo? A vida segue, até mesmo preso no Limbo.

O Limbo se fecha. Cria uma dura casca, impedindo a saída para todo o sempre. E o indivíduo, a essa altura, pouco se importa. Se não conseguiu se livrar do Limbo antes, por que se importar agora?

O Limbo, incrivelmente, possui uma consciência. Maléfica e fria. Extremamente inteligente. Separa seus prisoneiros, sabendo que se eles se conhecessem e trocassem experiências achariam juntos uma forma de escapar. 

O Limbo se alimenta da solidão, da tristeza, da dor interna da alma. Quanto mais fundo no Limbo, mais satisfeito o Limbo se sente. 

Por enquanto não há esperança de se sair do Limbo. Nem se há esperança de que "o tempo vai melhorar isso". Talvez o tempo cure as feridas. Mas não há esperanças concretas, apenas um fiapo, estrangulado no frio cortante do fundo do Limbo. 

É só esperar e ver.

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