Não qualquer livro, mas sim o MEU livro.
Então, se você não quer ler uma história amadora, nem se preocupe em clicar em "Mais informações »". Você foi avisado.
Bom, já que você está lendo isso, é por que realmente quer ler o que eu escrevi, han? Antes de jogar em sua cara o trecho que estou prestes a publicar, devo esplicar por que esse trecho em questão.
Por que é um diálogo. E eu gosto de escrever diálogos. Ok, eu gosto de fazer partes épicas também, mas gosto bastante dos diálogo. Principalmente aqueles desprentensiosos, em que os personagens só estão conversando para matar o tempo (mas, obviamente, não me recuso em escrever conversas que mantenham algo importante para a trama). E vou explicar por que eu gosto de diálogos. Por que são neles que eu me sinto mais dentro da narrativa do nas outras partes. Eu me vejo como se estivesse sentado na frente dos personagens, observando os dois (ou mais) conversarem. E, tenho que confessar, é quando eu consigo por mas detalhes que qualquer outro momento. Sabe, aqueles detalhezinhos, como "suspirou", "olhou para o lado", etecetera (e é também que eu consigo dar reflexões mais "realistas" pros meus personagens).
Se eu me orgulho dos meus diálogos? Sim, quase certamente que sim ("quase certamente" por que não dá pra eu me orgulhar muito do que eu escrevo como um todo, né? É quase como uma criança que tem um teclado e acha que sabe compor. Ela toca sozinha e acha que está perfeito, mas tem vergonha - com razão - de mostrar pros outros. O que é bem o meu caso. Eu acho que sei escrever, e pra mim o livro está ótimo, mas mostrar pros outros? nananinanão).
Enfim, eu também decidi publicar esse trecho por que foi o trecho mais recente que eu escrevi, no meu terceiro livro (sim, eu sei, faz uma vida que eu estou escrevendo esse terceiro livro). E por que nesse trecho Thiago comenta os acontecimentos do primeiro livro, com um discurso bem motivacional. Não sei por que gostei desse trecho. Talvez seja ele falando do que aconteceu no primeiro livro, ou talvez por que foi a coisa mais recente que eu escrevi. O fato que eu gostei tanto que eu vou publicar aqui.
Chega de lenga-lenga, vamos ao trecho!
Vinte minutos depois ele entrou na biblioteca, e a princesa estava sentada em uma das mesas, lendo um rolo de pergaminho. Thiago se sentou a sua frente e aguardou enquanto ela terminava de ler o pergaminho.Os olhos dela terminaram de ler a linha que estavam e ela levantou o olhar. Antes que ela pudesse fazer qualquer comentário, Thiago começou a falar:- Desculpe a demora, eu tive que tomar um banho para ficar apresentável para você.A princesa soltou um leve sorriso.- Agradeço a delicadeza – então o seu sorriso desapareceu lentamente – eu te chamei aqui por que precisava conversar com alguém sobre os meus futuros deveres. Não posso demonstrar fraqueza para os nobres do castelo nem para as criadas. Isso não iria ser um bom agouro.- Que deveres? – Thiago se inclinou para frente. Não conhecia muito bem os códigos de conduta daquela terra, mas esperava que ele não ditasse que a princesa tivesse que fazer algo extremo. O pai dela tinha acabado de falecer.Ela desviou os olhos para o pergaminho em suas mãos, como se ele tivesse lhe chamado. Alguns instantes depois ela viu que não tinha como adiar.- Eu... – ela soltou uma risada nervosa – sou a princesa. Sempre fui. Agora que meio pai... Não está mais aqui... Falta um monarca para liderar o povo, ainda mais nesses tempos difíceis. A próxima pessoa na linha de sucessão... Sou eu.Thiago se recostou na cadeira. Ele agora estava tendo uma conversa informal com a Rainha Cateryne. Estranho. E levemente intimidador.A nova Rainha notou o movimento de Thiago e rapidamente completou:- Todos no castelo já sabem disso, e eu só vou ser coroada formalmente à tarde numa cerimônia, seguindo os velhos hábitos. Mas, como eu disse, não posso demonstrar fraqueza pra mais ninguém, não em tempos difíceis como esse, com o Mago ameaçando o reino e toda a realidade desse jeito. Só em você eu posso confiar essa conversa.Thiago tentou sorrir.- E-eu? – ele apontou a si mesmo com o dedo – eu sou um estranho, conheço você há tão pouco tempo e...- E se tornou um valoroso aliado e um ótimo amigo – ela o interrompeu – desde que nos encontramos da primeira vez você me tratou pelo o que eu era, e não pelo meu título de nobreza.- Mas eu não sabia que você era uma princesa!- E quando soube sua atitude não mudou. Continuou me tratando como igual. Mais respeitoso, mas ainda me tratando como igual. Eu não sabia que ansiava isso até você aparecer – ela fez um leve gesto em direção ao Thiago – passei a minha vida inteira sendo tratada como uma boneca de porcelana, com todos me venerando e me tratando bem só por que era filha do rei. A simpatia que eu tinha de todos não era por meu mérito, mas por medo que os outros tinham de meu pai. Medo de desrespeitar o Rei. E você não, e te agradeço demais por isso.Os dois ficaram em silêncio por um momento.- Obrigado, eh, pela consideração – Thiago soltou, timidamente.- Obrigado você por me tratar como igual – ela estendeu a mão e segurou a de Thiago – Agora, se você não vai mais se objetar pelo o que eu tenho a dizer, posso contar o que eu queria ter contado desde o começo – ela soltou a mão dele, e Thiago se sentiu ainda mais encabulado.- Vá em frente.- Ótimo – mais um sorriso ameaçou apareceu no rosto dela, mas ele sumiu com quase a mesma rapidez que antes – então, já foi decidido que eu irei substituir meu pai. Eu participei bastante das reuniões dele e já estou bastante familiarizada com os problemas da terra os métodos antigos. Eu posso muito bem continuar o que meu pai estava fazendo.Thiago interpretou o tom da voz dela antes de responder, lentamente:- Você pode?Cateryne o olhou.- Não sei. Estou aterrorizada. Comandar essa gente, cuidar de pequenas contendas de fazendeiros a uma guerra iminente com o Mago... Acho que é um fardo demais para eu carregar.Thiago concordou com a cabeça.- Lembra quando eu te contei a minha história? – ele perguntou, lentamente.- Sim, me lembro bem.- Eu também fiquei meio assim quando percebi que todo o futuro estava dependendo das minhas escolhas, de se eu era bom o suficiente para fazer o que era necessário. Eu poderia ter fraquejado, já que era um “fardo” muito mais pesado do que eu.- Mas você estava no futuro, se você não fosse bom o suficiente você muito bem poderia treinar o próximo Thiago, tentar mudar ele naquilo que você não pode fazer.- Foi aí que eu percebi o erro, Cateryne. Rainha – ele se apressou a corrigir – se eu deixasse, se eu abrisse mão, se dissesse “O.K. destino, Karma, seja quem for, eu não posso fazer isso, é demais para mim” e desistisse, aquilo ia se repetir de novo e de novo e de novo e para sempre. Não ia ser um novo Thiago, ia ser eu novamente, tomando as mesmas decisões e fazendo tudo como da última vez. Inclusive meus erros, inclusive a minha desistência.- E como você pôde agir diferente? – Cateryne perguntou genuinamente curiosa.-... Isso eu não sei – Thiago respondeu – mas o fato é que eu aceitei o que tinha que ser feito, que eu precisava ajudar as pessoas que estavam no futuro, uma vez que era responsabilidade minha. O futuro dessa gente depende de você – ele enfatizou isso apontando para ela – Se as pessoas, os nobres que vivem nesse castelo, não acreditassem que você era capaz, eles teriam arranjado outro monarca. Mas eles consideram você apta a ser a nova Rainha. E se eles confiam em você, quer dizer que você pode sim arcar com essa responsabilidade.Cateryne suspirou levemente desesperada.- E como eu faço isso? Como eu dou às costas a esse medo de fazer tudo errado?Thiago não respondeu imediatamente. Ele se deu conta de que, dependendo o que ele dissesse, ele poderia influenciar a decisão dela. Se ele escolhesse as palavras com cuidado, podia convencê-la de renunciar o trono.Mas ele não ia fazer isso. Estava na cara que ela era perfeitamente capaz de se tornar rainha. O povo precisava dela, a filha da rainha. Escolhendo as palavras com cuidado, ele respondeu:- Dando o primeiro passo. Aceitando que isso é seu destino e que você está preparada pra isso, mesmo não estando preparada. Quando você botar as mãos na massa, seu medo vai sumir. Foi o que eu fiz, no futuro – antes que pudesse se conter, ele completou – e eu estarei aqui, do seu lado, caso você precise de ajuda.Ela o encarou com mais intensidade do que antes, e ele desejou ter sido interrompido antes de ter falado aquilo. Ele namorava, e aquilo muito bem podia ser considerado um flerte. Thiago começou a pirar quando percebeu que tinha acabado de flertar com a rainha daquele povo.Ele deve ter corado, por que a Cateryne começou a rir.- Eu nem tinha dúvidas que você estaria aqui por mim – ela estendeu a mão e segurou na mão dele – você sempre esteve, mesmo que isso não fosse sua responsabilidade.Thiago só teve tempo de sorrir de volta. Antes que pudesse responder as portas da biblioteca se abriram. Ele olhou para os recém-chegados, que eram os mais influentes nobres do castelo.Ele olhou para a própria mão. Ela estava pousada sozinha na mesa, parecendo bem boba. Fora uma atitude bem pensada da Cateryne, não deixar ninguém vê-los tão íntimos. Magoou, mas Thiago sabia os motivos dela para isso.- Princesa? – chamou o nobre da frente.- Sim – ela respondeu, agora sem o medo que ela estava confessando ter a cinco minutos atrás.- Temos que lhe preparar. Para a posse.- Perfeitamente – ela se levantou. Thiago não pode deixar de perceber que ele tinha que fazer o mesmo. Levantou-se.Ela olhou para ele. Por um leve instante, ele viu os olhos dela demonstrarem pânico.- Vai dar tudo certo, Rainha – Thiago a encorajou.Cateryne sorriu, um pouco mais aliviada.- Até mais – ela disse, e saiu com a comitiva de nobre, os liderando.
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