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sexta-feira, março 16, 2012

Historinha marota


Episódio 6 – Os pingos nos is

Eram três da tarde do domingo quando Guilherme bateu na porta da casa da Helena. Depois de alguns segundos de espera, quem abriu a porta foi a mãe dela.
- Ah, oi Guilherme – ela realmente parecia surpresa – tudo bem?
- Tudo...
- O que te traz aqui?
- Eu queria falar com a Helena.
Nessa hora Helena apareceu nas costas da mãe.
- Quem é... ah, Guilherme – ela pareceu ligeiramente sem graça. Ela caminhou até o portão, com a chave na mão – o que você veio fazer aqui?
- Preciso falar contigo.
- Pode falar – ela acabara de abrir o portão e saiu para a calçada. A mãe dela voltou para dentro de casa.
- Ontem a Lívia terminou comigo.
Os dois se encararam por instantes. Helena não sabia o que sentir com relação a esse novo fato. Agora finalmente teria o Guilherme para si, mas também teria uma prima triste...
Guilherme apenas a fitava, esperando uma resposta.
- Eu não tive nada com isso – ela tentou se justificar – eu apenas respondi as perguntas dela e...
- Você podia ter mentido, fingido. Aí nada disso aconteceria.
- Não deu pra mentir para a minha prima. Ela me conhece muito bem.
- Arranjava um jeito... sua prima foi muito especial para mim, e você acabou com tudo isso.
Os dois permaneceram em silêncio por alguns instantes.
- Desculpa. Não quis ser tão rude – ele se desculpou – mas, mesmo assim. Poxa. Ela foi, em muito tempo, a primeira garota a querer me namorar. E você me fez perder isso.
- Eu já falei. Não fiz por mal. Ela tomou essa decisão – Helena argumentou – e já que ela abriu mão de você...
- Não – ele cortou, já prevendo o que ela sugeriria.
- AH, qual é? Até pouco tempo você estava perdidamente apaixonado por mim, como você pode mudar tão rápido?
- Eu tive uma ajudinha, quando você me rejeitou – ele deu um passo a frente, ficando bem próximo dela.
- Mas agora eu te quero.
- Mas eu não quero mais.
Os dois pararam e se encararam mais uma vez.
- Já vinha a algum tempo tentando esquecer você – ele recomeçou – por que eu tinha a consciência de que não ia rolar nada entre nós. Poxa Helena, você teve um ano e meio praticamente pra ver o quanto eu era apaixonado por você. Eu abri mão dessa loucura por alguém que realmente me amava. E se eu ficar com você e no final agente não der certo? Com que cara eu volto pra Lívia. Ou eu sigo sozinho, sem ela e sem você? Você sabe o quanto eu quis um relacionamento sério, e agora que eu tive acontece isso.
Helena olhou para ele, encarando a situação.
- Só há um jeito de nós vermos se vai dar certo.
Os dois se encararam, com o rosto perigosamente próximo um do outro. Guilherme tinha uma leve impressão do que estava por vir. Mas, estranhamente, ele não estava nem um pouco a fim se afastar. Ela se aproximou, devagar, até que seus lábios se encostassem com os dele. Apesar de toda aquela situação, ele não a rejeitou. Os dois beijaram como nunca antes, ambos realizando um desejo compartilhado (apesar de ela só querer isso a bem pouco tempo).
Ninguém soube precisar quanto tempo durou o beijo. Ninguém soube realmente o que se passou entre os dois, nem o que os impulsionou àquilo.
O término do beijo os trouxe de volta a realidade. Eles se separaram de supetão, e se encararam por alguns instantes, sem acreditar no que acabara de acontecer. Como chegaram àquele ponto. Helena pôs os dedos nos lábios, confusa demais para fazer qualquer outra coisa. Guilherme deu um passo para trás. Os dois se olharam.
- É – ele começou, lentamente – acho... acho que não ia dar certo.
Ela abanou a cabeça, em negativa.
- Não mesmo. Agora eu vejo, seria um erro. Nós dois. Juntos.
O olhar deles se encontrou novamente, mas ele se virou de costas e foi indo embora.
- Eu vou voltar pra Lívia.
- Está tudo bem – ela respondeu, porém ele não chegou a ouvir a resposta.

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